A cena repetiu-se diversas vezes durante o sábado (25) no ginásio do tradicional Esporte Clube Sírio, em São Paulo. Os meninos Renan e Daud, ostentando camisas do clube com os números 5 e 48, respectivamente, além de seus nomes bordados, circulavam entre os gigantes ex-jogadores de basquete do clube colhendo autógrafos para o exemplar do livro ‘Kanela, um eterno campeão’ que carregavam.
A oportunidade era única: diversas lendas da seleção brasileira, e que também escreveram história no Sírio, estiveram presentes à quadra para a reinauguração da Galeria dos Imortais – homenagem prestada aos 11 atletas que mais vestiram a camisa do clube – além do espaço destinado aos campeões mundiais interclubes, conquistado em 1979.
Auxiliados por parentes, os meninos identificavam os gigantes em meio ao publico presente, composto por ex-atletas, familiares e sócios, para conseguir os registros no livro que conta a trajetória de Togo Renan Soares, vulgo Kanela, comandante da seleção nacional durante seu período mais vitorioso.
A homenagem conferida fez com que estivessem reunidos alguns representantes da seleção brasileira que, sob comando de Kanela, conquistou dois mundiais (1959, no Chile, e 1963, no Rio de Janeiro) e duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos (1960, em Roma, e 1964, em Tóquio).
Com o nome na Galeria, Menon fala ao Faculdade da Bola |
Entre os representantes ‘sírios’ que faziam parte da geração mais vitoriosa do basquete nacional, estavam Amaury Pasos (presente em todas essas quatro maiores conquistas), Mosquito e Antônio Sucar (campeões mundiais de 1963 e medalhistas de bronze de 60 e 64), Victor Mirchauswka (mundial de 63 e Olimpíadas de 64), e Luiz Cláudio Menon (campeão mundial em 63, mas que não esteve em Tóquio no ano seguinte por decidir dedicar-se aos estudos universitários). Desses, Amaury e Victor não estiveram presentes à celebração.
O pivô Luis Cláudio Menon, campeão mundial em 1963, ressaltou a importância e satisfação pela homenagem recebida. “É um dia especial em minha vida. A galeria dos imortais já existia, de uma maneira mais simplória. Era simplesmente uma camisa com o nome do atleta e seus títulos, mas hoje a diretoria refez essa galeria, tornando-a maravilhosa. Foi uma homenagem maravilhosa, que esta registrada através de algumas fotos que jamais nos esqueceremos”, disse Menon. “É uma enorme satisfação sermos homenageados em um país que não tem memória. O Sírio está contrariando essa máxima”, destacou o pivô, que defendeu o clube durante toda sua carreira, entre 1963 e 1974.
Observado por Menon, Renan (5) colhe mais autografos |
Do grupo dos campeões mundiais pela agremiação, em 1979, Oscar e Marcel faziam parte da seleção brasuca vencedora do memorável pan-americano de Indianápolis, em 1987, contra os Estados Unidos, donos da casa. A dupla teve seus nomes gravados na placa ao lado do placar eletrônico da quadra, juntamente dos outros integrantes do time, técnico e dirigentes.
Atualmente o Esporte Clube Sírio não possui mais equipes profissionais de basquete, mas ainda conta com categorias menores, mantendo o incentivo à prática da modalidade no país, o que pode ser comprovado pela grande quantidade de crianças e adolescentes praticantes do esporte no evento.
Dentre estes jovens, Renan e Daud já contavam com o livro repleto de rabiscos ilegíveis ao final das celebrações. Para eles, assim como para quase todos, pode ser difícil identificar os autores de cada um dos garranchos. Entretanto, não é nada que interfera na verdadeira aula de basquete e história que todos os presentes tiveram naquela agradável manhã de sábado.
A Galeria dos Imortais e dos campeões mundiais podem ser vistas ao lado do placar eletrônico |
Guilherme Uchoa
Fotos: Guilherme Uchoa
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