Translate

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Zanetti é eleito principal destaque brasileiro em Londres

O ginasta Arthur Zanetti exibe orgulhoso a medalha de ouro
Sejamos francos. Quantos brasileiros conheciam Arthur Zanetti antes de vê-lo pela televisão ostentando o inédito ouro brazuca nas argolas - nossa segunda medalha dourada em Londres? O pequeno brasileiro, de 1,56 metros, poderia perfeitamente andar despercebido pelas ruas das grandes capitais nacionais antes de ganhar notoriedade por seus movimentos pendurado sobre as argolas londrinas, aparentemente suaves, mas que exigem força e preparo físico exemplar.

O reconhecimento foi imediato. Entrevista atrás de entrevista para todos os principais meios de comunicação que marcaram presença nos Jogos Olímpicos, e em pouquíssimo tempo as imagens do sorriso do jovem de 22 anos, natural de São Caetano do Sul, em São Paulo, assim como suas mãos calejadas, rodariam o Brasil e o mundo esportivo.

Os 15,900 cravados por Zanetti, e contestado pelo técnico 'fala muito' do chinês Yibing Chen, favorito da prova, surtiram reflexos para o torcedor leitor do Blog Faculdade da Bola. Após duas semanas de votação no site, os leitores elegeram Arthur Zanetti como o brasileiro de maior destaque durante as Olimpíadas de Londres, com 37% dos votos.


Votação 

A disputa de Zanetti foi acirrada com Sarah Menezes, a judoca que conquistou nossa primeira medalha de ouro em Londres. Justiça seja feita: Arthur liderou a votação do começo ao fim, mas sempre seguido de perto pela judoca piauiense.

Sarah ganhou a primeira medalha de ouro do judô feminino 
No final, o ginasta ficou com  37% do total, contra 31% das escolhas para Sarah . A supremacia da dupla foi tão grande que os outros oito atletas que receberam votos somados também computaram 31%, mesma quantidade que Sarah Menezes.


Desta fatia o pugilista Esquiva Falcão ficou com a terceira colocação. O detentor da inédita medalha de prata do boxe brasileiro ficou com 8% das escolhas.




Guilherme Uchoa

Fotos: Marcos Ribolli e Rodrigo Faber

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Balanço da primeira metade do Brasileirão

Após dezoito rodadas e restando apenas uma para terminar o primeiro turno do Campeonato Brasileiro e atingir assim 50% da competição, podemos destacar os principais jogadores, a revelação, a briga pelo descenso e as chances de título.

O uruguaio Fórlan ainda não marcou gols com a camisa colorada


A decepção fica por conta do Internacional. Mais uma vez o clube gaúcho começou a competição apontado como um dos favoritos e mesmo com contratações de peso com Fórlan, Juan e recentemente Rafael Moura parece que a vaga na Libertadores já estará de bom tamanho para o Colorado.


A surpresa se chama Portuguesa. O time da capital paulista era apontado por quase todos como já rebaixado antes do Brasileirão ter início devido ao péssimo desempenho no estadual, em que foi parar na segundona. Mas a medida que as rodadas foram passando, a Lusa foi conquistando pontos importantes e atualmente ocupa a zona intermediária da tabela. Ainda não está livre da série b, mas se mantiver este nível de aproveitamento não cai.


O jovem Bernard foi preterido das Olimpíadas por Mano Menezes


A revelação do campeonato neste primeiro turno atende pelo nome de Bernard, do Atlético Mineiro. O garoto é muito habilidoso, parte pra cima dos adversários e é peça fundamental no time de Cuca. Claro que Ronaldinho Gaúcho, Jô e o goleiro Victor dão um toque de experiência ao grupo e passam confiança aos mais novos.


Luís Fabiano é a maior decepção entre os jogadores com potencial nesta primeira metade de campeonato. O atacante do São Paulo fez apresentações medianas e passou boa parte no departamento médico. Talvez isso explique um pouco da campanha irregular do time do Morumbi.

O técnico Cuca é sem dúvidas o melhor do primeiro turno. O comandante do Galo levou o time ao título simbólico de campeão do turno com duas rodas de antecedência (o Atlético tem um jogo a menos) e conseguiu fazer Ronaldinho Gaúcho e Jô voltarem a se destacar e dar um padrão de qualidade ao time. O clube mineiro tem apenas uma derrota, para o São Paulo, e é sério candidato ao título após 41 anos de jejum.



Barcos ganhou a confiança de Felipão e da torcida com o seu faro de gol


E para terminar esse balanço, como o Campeonato Brasileiro está recheado de jogadores estrangeiros, o melhor gringo atuando em nossos gramados foi o atacante palmeirense Hernán Barcos. O argentino conseguiu salvar o alviverde em muitos jogos e seu faro de gol está sempre apurado. O Verdão está em uma zona perigosa na classificação, mas sem Barcos com toda certeza a situação seria muito pior.


Richard Durante Jr

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ministério dos Esportes quer mais do COB em 2016

O Brasil encerrou sua participação nos Jogos Olímpicos de Londres com o recorde de medalhas em uma única edição: 17. Apesar disso, mais uma vez figuramos em posição modesta no quadro geral de medalhas, permanecendo com a singela 22ª colocação, atrás de países com pouca tradição esportiva, como Cazaquistão, Irã e Coréia do Norte.

Rebelo quer Brasil entre os 10 melhores no Rio-2016
Além disso, algumas medalhas tidas como certas, mas que ficaram pelo caminho, deixaram os brasileiros com a sensação de que “poderiamos ter ido mais longe”. Até mesmo entre os políticos existe esse sentimento. Mesmo com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) 'voando baixo' com a previsão de 15 medalhas em Londres, o governo federal esperava mais, apostando em 20.

Com isso, aumenta a pressão sobre o comitê para que em 2016, em solos cariocas, os resultados sejam melhores e mais dignos de um anfitrião. Por enquanto não se falam em números para as Olimpíadas do Rio, mas o ministro dos esportes Aldo Rebelo fala em ficar, ao menos, entre os dez primeiros no total de medalhas. Para isso teriamos de ganhar ao menos 11 medalhas a mais do que conseguimos este ano, usando os Jogos recém-terminados como parâmetro.

Na Inglaterra, Coréia do Sul e Itália ficaram na nona e décima posição, respectivamente, com 28 medalhas cada. O Brasil, por sua vez, ficou na 16ª colocação na soma de medalhas, empatado com Hungria e Espanha em 17, mas perdendo nos números de medalhas de ouro e prata.

Para conseguir escalar esses seis degraus olímpicos, o investimento nos esportes de alto rendimento, em especial aqueles que conferem muitas medalhas, como boxe, natação e atletismo, deve aumentar. A expectativa fica para o anúncio da presidente Dilma Rousseff sobre o incremento de investimento nos esportes, que no último ciclo olímpico foi de cerca de R$ 1,7 bilhões.

O boxe, de Yamaguchi, deu três medalhas para o Brasil
O destino do dinheiro também deve mudar. Em Londres, os esportes coletivos ficaram devendo, enquanto que modalidades individuais em que poucos apostavam (caso do boxe e pentatlo moderno) renderam conquistas. Essas gratas surpresas é que foram responsáveis por fazer o país conseguir ultrapassar seu recorde de medalhas em uma única edição da competição.

Caso o investimento aumente e o país aproxime-se das metas que o ministério dos esportes planeja, será possível manter a sensível melhora existente dos últimos ciclos olímpicos que passamos sob governo petista, em relação as  olimpíadas do governo PSDB.

Com Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, na presidência, o Brasil ficou com a 25ª colocação geral em Atlanta-1996 (15 medalhas, sendo três de ouro) e 52ª em Sydney-2000 (12 medalhas, nenhuma de ouro).

A partir dos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, já com Luiz Inácio Lula da Silva - do PT - a frente da nação, subimos nas tabelas de classificação.  Na Grécia, o Brasil ficou com a 16ª colocação geral – nossa melhor marca desde a 15ª posição nos distantes jogos de 1920, na Antuérpia – com cinco conquistas de ouro - também a melhor marca do país nesse quesito.

Quatro anos depois, em Pequim, 23ª colocação com três ouros, uma posição abaixo da 22ª de Londres, também com três medalhas de ouro, sob comando de Dilma Rousseff, sucessora de Lula no governo petista.

A escalada é contínua, mas lenta. Portanto, para não fazer papel feio em sua própria casa, os resultados na cidade maravilhosa tem que ser proporcionais ao salto que o ministério quer dar na tabela.

Guilherme Uchoa

Fotos: Alastair Grant/ AP e Reuters

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Chamam de Grã-Bretanha, mas poderia ser só Inglaterra

Dúvida recorrente em tempos de disputa de Jogos Olímpicos: Grã-Bretanha é diferente de Reino Unido?

Sim. O primeiro trata-se da maior ilha britânica, que engloba Inglaterra, Escócia e País de Gales. Os três atuam juntos durante Olimpíadas como se fosse apenas um país. O Reino Unido, por sua vez, é composto pelas três nações da ilha britânica, além de Irlanda do Norte. Ela é quem participa de organizações intergovernamentais, como União Européia e ONU.


Ao término dos Jogos Olímpicos de Londres, a Grã-Bretanha, sede da competição, alcançou a terceira colocação geral no quadro de medalhas. Após os 19 dias de disputas, conquistaram 65 medalhas, sendo 29 de ouro, 17 de prata e 19 de bronze.

A posição obtida (ficou atrás apenas das potências Estados Unidos e China) foi a melhor conseguida por britânicos desde 1908, quando os Jogos foram disputados na mesma Londres. 

Para muitos, o fato de três nações competirem juntas pode parecer injusto, entretanto, uma análise as medalhas conquistadas pela Grã-Bretanha revela que se apenas atletas da Inglaterra estivessem envolvidos com a disputa, os resultados não seriam muito diferentes.

Das 65 conquistas que os britânicos penduraram em seus pescoços, 42 medalhas vieram de modalidades individuais. Destas, 33 são de esportistas nascidos em solos ingleses. Em outras palavras, 78,5% das medalhas de modalidades individuais vieram de ingleses.

Mo Farah é inglês e ganhou duas medalhas de ouro para a Grã-Bretanha
Entre as medalhas de ouro, a porcentagem é ainda maior. Das 29 medalhas de ouro, 19 foram conquistados em esportes solitários, sendo 16 vencidas por mãos inglesas. Portanto, 84,2% dos ouros individuais vieram da Inglaterra.

Considerando as medalhas de prata, foram nove de esportes individuais, vindo sete da Inglaterra, uma da Escócia e outra do País de Gales.

Por fim, no lugar mais baixo do pódio estiveram 14 atletas de modalidades como boxe, atletismo, ciclismo e judo. Desse grupo, 10 medalhas foram recebidas por nascidos na Inglaterra e apenas uma por um irnlândes. As três medalhas restantes são mais curiosas: o ciclista Chris Froome é queniano de nascimento, mas naturalizou-se britânico e passou a competir pelo Reino Unido. A alemã Laura Bechtolsheimer, da Alemanha, também passou a competir pela Grã-Bretanha, sem defender especificadamente um dos três componentes.Por fim, a sul-africana Elizabeth Tweddle levou bronze na ginástica artística também defendendo as cores britânicas.

Além das medalhas já citadas, existem também as conquistas obtidas em modalidades coletivas, que possuem entre seus convocados atletas ingleses, escoceses e galeses. Como esses esportes conferem apenas uma medalha para a classificação geral, não podemos classificá-la como pertencente ao 'grupo Inglaterra' das conquistas.

Mesmo assim, com as 33 medalhas unicamente inglesas, o país teria vitórias suficiente para figurar na quarta posição do quadro olímpico, atrás apenas de Estados Unidos, China e Rússia. No total, Inglaterra teria 16 medalhas de ouro, sete de prata e 10 de bronze.


Guilherme Uchoa

Fotos: Reprodução Globoesporte.com e Reuters

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Brasil tenta bater recorde de medalhas em Londres

Depois da 100ª medalha da história olímpica brasileira conquistada pela pugilista Adriana Araújo, o país encontra-se próximo de atingir o maior número de medalhas entre todas as suas participações dos Jogos Olímpicos. A possibilidade de superar as 15 medalhas conquistadas em Atlanta - 1996 e Pequim – 2008 passa pelas mãos dos jogadores do vôlei masculino.

Esquiva pode colocar mais um ouro no pescoço do Brasil
Com um pouco de sorte, quem sabe, o Brasil não supera também sua maior marca em medalhas de ouro. Com as finais do futebol masculino e vôlei feminino, e com os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão ainda no páreo nos ringues, o país poderá alcançar até seis medalhas mais valiosas. Esse número seria suficiente para ultrapassar as cinco vezes que um brasileiro subiu ao lugar mais alto do pódio em Atenas – 2004.

Ao final do 13º dia de competições o Brasil figurava na 26ª colocação no quadro geral de medalhas, tendo pendurado em seu pescoço 11 medalhas (duas de ouro, duas de prata e sete de bronze). Com mais quatro medalhas já garantidas no futebol masculino, boxe e vôlei feminino, ao menos igualaremos as campanhas de 96 e 2008.

O futebol masculino, liderados por Neymar, Oscar e Leandro Damião, encara o México no sábado (11), às 11 horas, para tentar o inédito ouro. Os irmãos Falcão entram no ringue na sexta (10) valendo vagas na decisão. Como o boxe não possui combates pela terceira colocação, mesmo em caso de derrota a dupla ganhará medalhas. Já as meninas do vôlei vão para a quadra também no sábado, às 14h30, contra os Estados Unidos.

Vôlei  encara Itália por uma vaga na final
A medalha de desempate pode ser conquistada pelos comandados de Bernadinho. Caso vença a partida semi-final contra Itália, que será disputada amanhã (10), os meninos do vôlei terão garantido pelo menos uma medalha de prata na final de domingo (12), o que seria a 16ª em Londres.

Além dessas modalidades, o brasileiro ainda pode alimentar esperanças na vela, com a dupla Fernanda Oliveira e Ana Barbachan tentando o bronze, no revezamento 4 x 100 masculino e feminino e nos três representantes brasucas na tradicional maratona, no domingo, último dia de competições.

Claro que superar nossa melhor marca em medalhas de ouro ou no quadro geral não será fruto de incentivos esportivos por parte de nosso Governo. Pelo contrário,  passamos por dificuldades em praticamente todas as modalidades e suas respectivas confederações demonstram amadorismo desesperador.

Há quatro anos de sediar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, os próprios atletas que atingiram lugares no pódio fazem questão de ressaltar e criticar a falta de incentivo. Arthur Zanetti, primeiro colocado nas argolas – conquista inédita para um brasileiro na ginástica em Olimpíadas – fez questão de alertar com relação à falta de apoio sofrida pela modalidade e mostrou o desejo de que sua vitória resulte em mais investimentos à ginástica.

A boxeadora Adriana Araújo, responsável pela primeira medalha do boxe brasileiro em 44 anos, foi além: desferiu duros golpes – quase jabs e diretos que costuma fazer em combate – contra o presidente da CBBoxe, Mauro José da Silva. “Ele menospreza muito o boxe. Não só o masculino, como o feminino. Fui muitas vezes humilhada por ele. Disse que eu não tinha condições de me classificar (para os Jogos). Para calar a boca dele, me classifiquei e fui medalha de bronze”, disse após a luta com a russa Sofya Ochigava.

Apenas a titulo de comparação, Estados Unidos e China, países que possuem sistemas invejáveis de incentivo e desenvolvimento esportivo, brigam medalha a medalha pela primeira posição do ranking Olímpico. Ao término do 13º dia de competições, Estados Unidos lideravam o ranking com 39 medalhas de ouro e 90 no total. Seguindo de perto, os chineses encerraram o dia com 37 de ouro e 80 na soma.

Concluindo, é muito provável que, mais uma vez, as duas nações superam apenas nesta edição a quantidade de medalhas que nos brasileiros temos em toda nossa história. Vergonhoso para um país do tamanho do Brasil e com o potencial e riquezas que possui.


Guilherme Uchoa

Imagens: AFP, Reuters e reprodução Globoesporte.com